A aprendizagem experimental é um método educativo que envolve a exploração ativa, a experimentação e a descoberta como formas de aquisição de conhecimentos. Este tipo de abordagem é particularmente importante para os processos de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, uma vez que promove o seu envolvimento ativo no processo de construção do seu conhecimento, o desenvolvimento das suas funções executivas, das suas competências cognitivas, psicomotoras, sensoriais, comunicativas e sociais e das áreas de competências definidas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.
Se é importante proporcionar às crianças a possibilidade de explorar o mundo que as rodeia, proporcionando oportunidades de agir sobre o meio envolvente e de “aprender fazendo”, esta premissa reveste-se de extrema importância na intervenção pedagógica com crianças com perturbações nos seus processos de desenvolvimento e/ou aprendizagem. As crianças com alterações no seu desenvolvimento ou dificuldades de aprendizagem, poderão apresentar dificuldades na compreensão de conceitos abstratos, pelo que a experimentação, a utilização das suas competências sensoriais e a manipulação de materiais concretos facilitam a compreensão de alguns conceitos.
As Aprendizagens essenciais – Estudo do Meio para o 1º ciclo do Ensino Básico definem, na sua Operacionalização, que os alunos devem ser capazes de “Realizar experiências em condições de segurança, seguindo os procedimentos experimentais”, “Identificar as propriedades de diferentes materiais (ex.: forma, textura, cor, sabor, cheiro, brilho, flutuabilidade, solubilidade), agrupando-os de acordo com as suas características, e relacionando-os com as suas aplicações” e “Saber colocar questões, levantar hipóteses, fazer inferências, comprovar resultados e saber comunicar, reconhecendo como se constrói o conhecimento”.
Neste âmbito, visando a implementação das medidas previstas nos Relatórios Técnico Pedagógicos dos alunos abrangidos pela Unidade de apoio a alunos com multideficiência da Escola Básica Feliciano Oleiro, e tendo em consideração o seu Perfil de aprendizagem, são dinamizadas atividades práticas de experimentação na área curricular de Estudo do Meio.
As propostas de atividades têm em consideração os domínios previstos nas Aprendizagens essenciais, mas também os centros de interesse das crianças e as suas propostas, visando o desenvolvimento de todas as competências referidas e das “capacidades investigativas” (observar, medir, classificar, registar, formular problemas, formular hipóteses, prever, identificar, interpretar dados, planificar /realizar experiências e comunicar).
O enquadramento das propostas realizadas pode advir de uma observação ou questão que as crianças façam (por exemplo as crianças registavam no Calendário que estava a chover e o adulto introduziu as questões “Porque chove? e “De onde vem a chuva?”, que permitiram abordar o Ciclo da água e conceitos relacionados com os estados físicos da água, ou o avistamento de um arco-íris que permitiu a realização da experiência “Vamos fazer um arco íris” através de cromatografia em papel), ou estar relacionado com os conteúdos curriculares abordados (por exemplo a experiência das uvas bailarinas quando se introduziu a palavra UVA ou as experiências com aviões quando se abordou o ditongo ÃO).
Pretende-se, desta forma, que os alunos tenham acesso a oportunidades de aprendizagem diversificadas e implementar uma abordagem diferenciada, relativamente aos processos de aquisição e tratamento da informação bem como da expressão do conhecimento, por forma a eliminar barreiras de aprendizagem.
Neste processo valorizamos o processo, a descoberta do “como” e do “quê”, proporcionando aos alunos o desenvolvimento de competências e atitudes transferíveis para a vida diária e a sua capacitação pessoal e social numa perspetiva inclusiva, garantindo que “o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória seja atingido por todos, ainda que através de percursos diferenciados, os quais permitem a cada um progredir no currículo com vista ao seu sucesso educativo” (DL 54/2018).
Docente de Educação Especial Ana Patrícia Ferro